tenho certeza que o que não guardei no papel no bloco de notas ou na barra de mensagem
o que hesitei dizer
se adentrou nas paredes nas pequenas coisas que mora em cima dos móveis
uma sobre a outra - formando uma espécie de membrana
essas coisas das quais não dei importâncias tomaram a minha casa
agora é o nome delas está nas escrituras dessas paredes
sou uma inquilina daquilo que um dia veio de mim
demorei tanto para perceber
outro dia escrevi um bilhete chamando-as pra uma café (pra mim um café pode resolver tudo, menos o sono!)
chamei as minhas escritas pra mesa
queria ver as suas faces novamente e entender o porquê de não tê-las abraçado [ será que tinha o meu rosto
dado moradia em voltas de linhas
sentir que ainda poderiam ser parte de mim
os post it deviam ter acabado pois escrevi em um panfleto de uma loja de moveis
entre a imagem de um liquidificador e uma batedeira
confesso que os preços me distraíram tem sido tão fácil perder a atenção
mas não teve resposta pro meu pequeno esforço
não apareceram nem ao menos amassaram o meu bilhete improvisado
me deram apenas o silêncio
ele grita
mandei mensagem sem palavras
escrevi cartas com envelopes vazios
gosto de pensar que as palavras em seu estado mais cru tem consciência
em algum momento desaparecem sendo apenas a memória vaga de que tinha algo
é mais reconfortante entender que elas me deixaram porque viram outro que podia lhe dá mais
quem sabes em uma dessa roladas de feed não encontro o reflexo daquilo que eu queria fazer-criar-escrever
e pense: podia ter feito isso