quando estou cara a cara com algo importante, algo que demanda do mais puro esforço
sou pega por um sentimento inominável
sem um nome, sem noves dígitos em um documento
se aloja em meus ombros
sussurra
primeiro doce, depois amargo
invalida as minhas certezas, se um dia soube já não sei mais
sim, talvez, Seu Bento tivesse uma barbearia no final do rua bem do lado antigo açougue
talvez
e assim nada mais é verdadeiro
me vejo nadando em lugares alheios na internet - onde pessoas sabem os nomes das ruas, os números de telefones
há eventos em suas agendas, há procura
parecem saber o que estão fazendo
e eu aqui, tentando me alimentar com alguma migalha de resposta
tinha uma expectativa muito grande pra que o eu do presente soubesse as respostas que não soube a 10 min atrás
eram 17 e 50
e agora são 18
aliás - não sei se é mesmo esse horário
mas a verdade é que me sinto a mesma que escreveu uma carta pro futuro dizendo:
espero que agora você saiba
me enrolei na perspectiva que hoje seria o momento que saberia de tudo
não buscaria respostas, não teria essa esperança de que alguém aparecesse e me contasse o plano
como um vilão em um filme de herói:
agora vamos explodir tudo